terça-feira, 14 de junho de 2016

M. M. C., 16

Raquel Stanick
Série: Mortalha
Título: M. M. C., 16
Esferográfica s/ Kraft
20x20
2016 

Fonte: http://br.blastingnews.com/brasil/2016/03/mais-uma-travesti-encontrada-morta-e-tratada-no-masculino-pelo-noticiario-00836289.html

"A adolescente de iniciais M. M. C. foi encontrada morta no domingo, 20 de março, em um terreno baldio no Bairro Vitória Régia, na cidade de Sinop, a cerca de 500 km de Cuiabá. Acredita-se que ela tenha sido assassinada a pauladas. Apresentando sinais de espancamento e ferimentos na cabeça, a jovem usava roupas femininas e uma peruca foi encontrada sem sua bolsa, mas foi tratada pelo site G1 como "homossexual" - o equívoco foi também repetido por uma série de outras páginas que compartilharam a notícia. Ela foi encontrada atrás de um prédio em construção, local próximo a uma danceteria onde teria ido na noite anterior. A Polícia Militar foi acionada pelos trabalhadores da obra que chegaram pela manhã. Ainda, de acordo com o G1, a Polícia disse se tratar "de um homem com roupas de mulher", declaração que, claramente, desrespeita a identidade da vítima ao não se cogitar ser uma jovem travesti. Porque a bolsa e o celular da vítima ainda foram encontrados com ela, descarta-se a hipótese de latrocínio - roubo seguido de morte. Segundo declaração do delegado da Polícia Civil da cidade, há indícios de que a adolescente fazia programas em Sinop "como travesti" - reduzindo a travestilidade a uma prática. Até o momento, nenhum suspeito foi identificado. A mãe, que preferiu não se identificar, contou que a filha saiu na noite anterior para ir a um clube e não voltou para casa. Ela também não confirmou se a filha se prostituía. A suspeita é de que o ataque tenha ocorrido logo depois de ela ter deixado o clube, onde foi com um amigo. Mais uma vez, o crime parece ter sido motivado pelo ódio - parte da cabeça da vítima afundou com os golpes. O delegado chegou a afirmar que a polícia investiga um provável crime de homofobia, tratando a vítima como homossexual. Portanto, mais uma vez, a maneira como a notícia foi divulgada coloca a travesti destituída do direito ao respeito por sua identidade de gênero feminina, prática comum entre os meios de comunicação até hoje. Depois de encaminhado ao Instituto Médico Legal, o corpo foi liberado para sepultamento."

Nenhum comentário:

Postar um comentário