quinta-feira, 23 de junho de 2016

Ana Mendieta, 37

Raquel Stanick
Série: Mortalha
Título: Ana Mendieta, 37
Esferográfica s/ Kraft
20x20
2016                                                                                                                                                                    

"Ana Mendieta (18 Novembro 1948 – 8 Setembro 1985) foi uma artista plástica que participou do movimento feminista de artistas dos anos 70 nos Estados Unidos. Antes deste período, as mulheres não tinham entrada no mundo da arte, tornando-se fundamental, para que pudessem produzir, que se organizassem e se manifestassem politicamente para cavar seu espaço dentro dos espaços de arte contemporânea e terem seus trabalhos vistos e reconhecidos. Para além disso, suas obras vieram para criticar a racionalidade das obras em destaque no momento, o Minimalismo, propondo trabalhos mais viscerais, que conduzissem a um olhar para o corpo. Este período não só transformou o olhar do meio artístico para as mulheres, como transformou radicalmente os rumos e possibilidades da arte contemporânea, inclusive aprofundando a pesquisa em torno da performance como linguagem expressiva.Mendieta nasceu em Havana, Cuba. Aos 12 anos ela e sua irmã Raquelin foram mandadas para os Estados Unidos por seus pais, que queriam protegê-las do regime de Fidel Castro, a partir de um programa colaborativo entre o governo americano e a igreja católica, chamado de Operação Peter Pan. As duas irmãs então viveram entre diversas instituições, orfanatos e casas em Iowa durante a adolescência.Ana estuda artes plásticas na Universidade de Iowa, onde inicia sua pesquisa. Sua obra transita entre questões de gênero, nacionalidade, raça, exílio etc.A artista demora a poder retornar a Cuba e então, estabelece seus trabalhos inicialmente nos próprios EUA e no México, só quando já tinha um trabalho mais desenvolvido que também viaja à Cuba e também desenvolve pesquisas em sua terra natal. Suas obras sempre buscam fugir do contexto urbano, buscando uma relação concreta entre corpo-meio junto à natureza e/ou a espaços rituais – como no caso das ruínas pré-hispânicas mexicanas.A maioria de seus trabalhos se constroem a partir de vivências corporais pelas quais a artista passa, ou seja, tratam-se de trabalhos de performance. Entretanto, poucos de seus trabalhos contaram com a presença real de um público, que pode acessar as experiências que ela vivenciou apenas através de fotografias ou vídeos. Dessa forma, as obras da artista sempre se apoderam de uma atmosfera de mistério, elaboram questões, suspensões e não respostas claras. Alem disso, dessa forma a artista tora explícito o não-lugar ou a outridade de sua condição como uma mulher cubana exilada, que nunca será Alguém, mas sempre o Outro de Alguém. Suas obras tornam visível a presença fantasmática do feminino e de um corpo mais próximo do ritual, mais distante da “civilização ocidental”. São presenças fantasmáticas, como sombra, como avesso perturbador do “lugar comum“ do homem ocidental e da arte minimalista. Ana Mendieta teve uma morte trágica e polêmica. Morreu aos 37 anos. Seu corpo caiu da janela do 34o andar de seu apartamento. Todas as evidências indicam que Ana foi assassinada por seu marido Carl Andre, que a teria empurrado da janela apos uma discussão. Não ouve testemunha visual, entretanto, ouviram a artista gritando Não diversas vezes logo antes de sua queda, alem de haverem marcas de unha recém feitas nos braços de Carl Andre e dos depoimentos do artista serem diferentes nos dias distintos em que foi entrevistado pela policia. Protegido, entretanto, pela comunidade artística, ele foi absolvido e o inquérito policial decidiu concluir que Ana havia se suicidado. Inconformadas, as artistas feministas da época mantiveram protestos por um bom tempo, chegando a invadir a abertura de uma exposição no Guggenheim onde havia uma obra de Carl André, aos gritos de “Onde está Ana Mendieta?”. Ao chegarem diante da obra dele, as mulheres jogaram sobre ela diversas imagens de Ana. Pode-se Ver um pouco mais sobre a história da artista e desse movimento dos anos 70 nos EUA no documentário !Woman Art Revolution, de Lynn Hershman Leeson, que estreou em 2011."

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